A galeria Angolana JAHMEK CONTEMPORARY ART vence o Prémio Opening que classifica o melhor stand desta secção em “ex aequo” com a galeria Turca, The Pill. Jahmek Contemporary Art está a participar de 7 a 11 do mês de Julho na Feira de Arte, Arco Madrid 2021 com a instalação “Hope As A Praxis” de Sandra Poulson e “How to Make A Mud Cake” de Helena Uambembe.
“HOPE AS A PRAXIS” a instalação de Sandra Poulson investiga a utilização e simbologia das cadeiras de plástico conhecidas como ‘espera condição’ e reflete sobre as respostas ao objecto partido que é justaposto com outra cadeira partida. O projecto centra-se na ‘prática da esperança contínua’ como um recurso essencial para a sobrevivência, num contexto sociocultural e histórico em que planear a longo prazo ainda é um desafio central.
A “receita” para este trabalho foi criada em colaboração com os filhos de Pomfret. “Seu bolo deve ficar bem”, instrui Uambembe, “para esconder todas as imperfeições e traumas que vêm com a vida de Pomfret.”
Na África do Sul, há um significado substancial dado à terra, a sua restauração. No entanto, o governo alocou soldados militares migrantes em Pomfret, conhecida como uma antiga cidade abandonada de mineração de amianto, embora o amianto seja considerado mortal para os humanos.
A JAHMEK CONTEMPORARY ART apresenta-se como uma Plataforma/Galeria que, através do seu programa de exposições, propõe-se promover o diálogo e o pensamento crítico em torno da expressão artística visual de Luanda, através do trabalho produzido pelos artistas que representa, tanto no panorama nacional como além-fronteiras. Sediada na capital angolana, representa: Bienelde Hyrcan; Délio Jasse; Helena Uambembe, Irad, Iris Buchholz Chocolate; Kiluanji Kia Henda; Mónica de Miranda; Rui Magalhães; Sandra Poulson; Tiago Borges; Verkron, e Yonamine.
BIOGRAFIA DAS ARTISTAS
Sandra Poulson, vive e trabalha entre Londres e Luanda.
Artista interdisciplinar, investigadora e praticante da moda. A sua prática discute a paisagem política, cultural e socioeconómica de Angola como um estudo de caso para analisar a relação entre história, tradição oral e estruturas políticas globais. A sua prática utiliza a família e memória social herdada da Angola colonial e da guerra civil para desmantelar a Angola contemporânea através de estudos semióticos de objetos culturais comuns, como artigos domésticos, como de actores nas transformações políticas e culturais em curso. O que atrai intrinsecamente às questões colocadas pelo trabalho para a tarefa da descolonização.
Helena Uambembe, vive e trabalha entre Joanesburgo e Pretória. Helena Uambembe nasceu em Pomfret, África do Sul, em 1994, filha de pais angolanos que fugiram da guerra civil. Seu pai era um soldado do 32o Batalhão, uma unidade militar das Forças de Defesa da África do Sul composta principalmente por homens negros angolanos.
O 32o Batalhão, Pomfret e sua herança angolana são temas dominantes na obra de Uambembe, em que ela explora narrativas em torno da história e do lugar, entrelaçando símbolos conectados e material de arquivo. Uambembe foi uma das três vencedoras do Prêmio David Koloane de 2019 da Bag Factory. Além da prática própria, Uambembe faz parte do coletivo Kutala Chopeto, ao lado da sócia Teresa Kutala Firmino.
A instalação compreende 17 iterações de cadeiras em processo de quebra. As cadeiras são feitas de tecido de cetim verde e foram modeladas, costuradas e endurecidas com base na cadeira de plástico.
“Hope As A praxis’ reconhece igualmente o sentimento central que liga o presente e o futuro – a esperança – e como esta esperança é praticada ao olhar do indivíduo por uma realidade melhor. Ao entendimento de Poulson, enquanto angolanos, o futuro sempre foi sobre criar onde existe, onde não há o suficiente. Talvez seja uma reação ao sentimento coletivo de que a infraestrutura não é forte o suficiente, ou talvez não exista, assim como as cadeiras de plástico são efêmeras em sua forma original, também o são permanentemente em sua forma quebrada. Talvez parte da compreensão de rumos futuros seja aprender juntos a justapor cadeiras quebradas e fazer outra muito mais forte.
“HOW TO MAKE MUD CAKE” de Helena Uambembe
“Como fazer um bolo de lama” mostra como a migração forçada do 32o Batalhão de Angola para a África do Sul tem um impacto físico e espiritual na luta pela terra; nisso, a sensação de sepultamento em um lugar que não é o lar. A analogia é realizada com a era pós-colonial, as repercussões de uma Angola independente e a ideia de liberdade. “O que vem com isso? O que as crianças acarretam com elas? – vestígios de colonialismo, vestígios de assimilação, vestígios de violência”. Assim, os avisos impressos na sarapilheira vêm como uma metáfora para os avisos de alérgenos que vêm nas caixas de alimentos e são consequências reais de anos de colonialismo, invasão, perturbação da vida de outrem e estão encobertos em jogos infantis.
A atuação de Helena comumente apresenta uma catana como adereço.
É uma afirmação que delineia a dualidade do objeto, a domesticidade e o perigo que ele representa. Em lares africanos, é funcional na cozinha, no corte de alimentos ou no lavor. Por outro lado, pode ser violento, a agudeza é perigosa até mesmo fatal, pode ser usada como arma, mas muitas vezes essa utilidade é vulgarizada.
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